Old car named Charlie~ [fechado]

Samantha & Andrew

Segundo dia de aula é bem mais fácil, mentira.
Muitos ainda ficavam me encarando, garotas ficavam se jogando em cima de mim e rindo da minha resposta: gaguejar e corar intensamente.
Ainda bem que eu tinha alguns amigos: Samantha e Isadora, as gêmeas, Zooey, Seth - um garoto da turma de E.F- e os professores.

Eu estava indo embora, era um dia quente com um sol reluzente.
Eu trajava uma blusa regata branca bem rente ao corpo, uma calça jeans preta, e o meu adidas velho. Meu cabelo estava todo bagunçado e eu estava usando minha corrente com a coruja.(aqui)

Fui até o estacionamento, muitas garotas me davam tchauzinho e beijos, eu acenava olhando para baixo e sorrindo desconcertado, além de estar vermelho.
Eu tinha um carro bem simples, ele era azul - cor favorita- e tinha bancos de couro preto. Era confortável, e meu xodó. Era o Charlie.
Muitas pessoas na Califórnia tem carros lindos e espetaculares, devem até rir do meu carro, mas eu definitivamente, amo ele.

Todas as minhas aulas eram com Andy, nosso novo-grande-amigo-timidamente-divertido. Não era o mesmo com Isadora... aposto que ela daria tudo para ter todas as aulas com ele. Eu ria só de pensar nisso. Mas, eu poderia me passar por ela e ir falar com a coordenadora.

Cheguei no estacionamento, pronta para ir embora. Mas, minha irmã não estava ali!!! Ela foi embora e me deixou! Que coisa mais... sem consideração! Aquela manhã eu estava com uma calça jeans surrada, tênis velhos mas confortáveis, uma camiseta que tinha o logo do Super-Homem e meus cabelos estavam presos em marias-chiquinhas. (aqui)

Eu não podia acreditar que Lena havia me deixado ali! SOZINHA! Naquela escola que iria ficar escura e me daria medinho por não ter ninguém. Então, eu vi minha salvação!

- ANDREW! - gritei ao notá-lo do lado de um carro! Oba! Ele tinha um carro! Seria ótimo se ele pudesse me dar carona. Afinal, eu não queria mesmo ir a pé para casa. Que carro lindinho! Era azul e me lembrava um carrinho de brinquedo que eu tinha quando era menor. Fazia um enorme contraste com os outros carros do estacionamento.

Corri até Andy com minha mochila da Adidas pesando em meu ombro e meus livros grossos e gigantes - que eram quase maiores que eu - que faziam meu braço doer.

Eu estava entrando no quarto e ouvi alguém gritar meu nome. Oh, era Sam.
Andei até ela e a abracei.
- C-como vai?- disse sorrindo desconcertado e reparando em sua mochila enorme e pesada. Sam estava muito engraçadinha com aquela blusa do Super Homem.
Agora que me lembrei que nunca gostei do Super Homem, Homem-aranha e etc.
Meus heróis são: Albert Einsten e Thomas Edison. E outros grandes cientistas e escritores, é claro. Mas esses dois principalmente.
Nem pedi e peguei sua mochila, colocando-a em minhas costas. É, estava muito pesada. Ela carregava o que ali? Pedras sacos de maconha?
Eu não a deixaria em pé com um bloco de cimento nas costas, não é mesmo?

Ao me ouvir, Andrew caminhou até mim e me abraçou. Eu retribuí o abraço dando um beijo em sua bochecha e sorri aliviada.

- Estou bem. - eu o respondi rindo do fato de ele estar corado e gaguejando. Ele estava tão... másculo com aquela roupa. Ual! Se ele não fosse um grande amigo, eu pegava.

Ele demonstrou mais uma vez sua educação britânica, pegando minha mochila. Eu sorri a ele, agradecida, e imaginei ele junto com Lena. Era uma cena tão linda.

- Obrigada! Ah! E... desculpe-me por pedir isso de última hora, mas... pode me dar carona? LENA ME ABANDONOU! - eu disse com uma expressão de indignação e cansaço ao mesmo tempo. Como ela ousava? Brincadeira.

Ela me beijou na bochecha e eu fiquei corado intensamente novamente.
Ela então falou que Lena tinha lhe deixado, devia ser Isadora, acho. Ela devia ter um segundo nome, tipo Helena.
Eu daria carona à ela, é claro. Se ela quisesse vir no meu humilde carro, poderia vir.
Ri baixinho do jeito dela falando da Isadora.
Coloquei sua mochila na parte de trás do meu carro.
Abri a porta do acompanhante para ela e a chamei.
Ela entrou e eu me sentei no banco do motoristo.
- É simples, mas é meu xodó. É o Charlie.- ri baixinho com o fato de que ela era a primeira mulher a entrar no Charlie. Tirando a minha mãe, claro.
- És a primeira a pegar uma carona no Charlie.- ri baixinho olhando para baixo e depois olhei profundamente em seus olhos sorrindo desconcertado.

Eu tive a honra de sentar no banco daquele carro lindinho e fofo. Era macio e realmente confortável, apesar de ser humilde.

Sorri para ele. Que lindo! Ele tinha um nome. Charlie... combina com o carro, fato. Azulzinho e pequenininho. Acompanhei o olhar de Andrew com um sorriso e depois encarei o painel de Charlie.

- Fico encantada por ser a primeira. - eu lhe disse rindo. Era verdade. Acho melhor parar de elogiar o pequeno Charlie, já deu para entender o quanto eu gostei do carro, certo? - Amei seu carro, gente! Ele é lindo e combina comigo. Não que eu vá roubá-lo ou comprá-lo de você por isso, pois é seu xodó. Até porque eu nem carteira tenho. Desculpe, falo demais às vezes. - eu parei de falar e sorri para ele.

Andy estava tão vermelhinho! De novo! Acho isso lindo nele. Seus olhos estavam nos meus e eu pisquei desconcertada, encarando o vidro do carro. Ainda sorria e abri meu livro. Era "O Saco de Ossos". Estava relendo, mais uma vez.

Por que eu fico tão desconcertada quando ele olha pra mim? Sua timidez é contagiosa!!! Que legal! Conto isso pra ele depois.

- O-obrigada.- disse mudando o foco do olhar para frente. Liguei o carro com a chave (não sério, você vai ligar com o quê?) que continha um chaveiro de londres, era um daqueles ônibus vermelhos de dois andares. Pouco andei neles. Mas são tão legais.

Saímos do colégio e fomos para a estrada, era o caminho da minha casa. Na verdade era um belo caminho. Com uma vista para a praia. Minha casa era mais para baixo, na parte mais "pobre" de Newport. Eu não tinha dinheiro para morar em um local rico, tipo Newport coast.

Estávamos passando pela vista da praia, eu apontei para Sam e ela estava tão desligada quanto eu.
- O-ops. Estamos indo para a minha casa, não para a sua.- parei o carro no acostamento e saí do carro. Me sentei em uma pedra redonda que estava ali por perto e fiquei observando a paisagem.
- Amo essa cena. Deixe-me apreciá-la mais um momento e depois vamos para a sua casa. Minhas desculpas. Sou fascinado com a natureza.- cocei a cabeça e ri baixinho de mim mesmo. Eu era anormal.

Ele ligou o carro e eu notei o chaveiro daqueles ônibus de dois andares. SEMPRE quis andar naqueles ônibus vermelhos! Mas, eu estava de castigo. Isadora deve ter andado. Que droga.

Nós saímos do colégio e fomos por um caminho que eu não conhecia, mas fiquei quieta por observar a bela paisagem que se mostrava por fora da janela. Ele me apontou a vista e eu sorri, acentindo.

Ele de repente parou, dizendo que estávamos indo para sua casa, desculpando-se. Eu ri com ele e encarei-o.

- É o costume, eu entendo. - disse eu, fechando meu livro e deixando-o em cima do bando de passageiro, enquanto saía do carro, acompanhando-o. Ele se sentou em uma pedra e eu o imitei.

- Também adoro a natureza. É algo tão lindo. Me dá vontade de desenhar. - peguei no bolso de minha calça um pedaço de papel dobrado e amassado. - Tome. Gosta? Pode ficar se quiser... - falei sorrindo e entregando a ele o papel que continha um de meus desenhos preferidos. Amo desenhar flores e afins. (desenho de Sam)

- O-obrigada.- disse pegando o desenho, que por sinal era muito bonito, e o coloquei no meu bolso.
Sam tinha um jeito muito especial. Ela era especial para mim. Não sei porque. Tudo bem que eu a conheço a menos de 48 horas, mas ela é especial para mim.
Sorri desconcertado para ela e olhei profundamente em seus olhos.

- Tá, eu tive uma ideia louca agora.- acreditem, Andrew não é um garoto que tem ideias loucas, ele é normal e quieto na dele.
Me levantei, e fui até Sam, segurei sua mão e atrevessamos a estrada. Apontei para ela a praia.
- Que tal darmos um mergulho?- estava incrivelmente quente, e eu estava com vontade me jogar naquele mar.

Então ele se levantou, dizendo que tivera uma idéia louca. AMO idéias loucas. Ele era tão... perfeitinho. Coitado de Phillipe, arranjei um substituto. Já que ele não larga da namorada. Andrew é meu melhor amigo, apesar de eu conhecê-lo a menos de dois dias. Aliás, Andy não é nenhum substituto. Ele é o titular! A-há! Ainda tinha que saber como fazê-lo ficar com Lena... se é que ele queria.

Ele se levantou, pegando minha mão, o que me deixou tão vermelha que nem eu mesma entendi. Ninguém tinha esse efeito em mim. Eu tenho mesmo que lhe dizer sobre sua timidez ser contagiosa. Andrew me levou até o outro lado da estrada e me perguntou sobre mergulhar.

- SIM! Está quente demais para não nadar. - eu brinquei sorrindo para ele. Por sorte eu estava com um maiô por baixo da roupa, isso porque eu ia para a praia logo depois de estudar um pouco. Corri até o mar e tirei minhas calças e minha camiseta. Provavelmente ele se assutou no início, mas deve ter notado depois que eu estava de roupas de banho por baixo.

Sorri para ele e acenei, chamando-o. Entrei na água, estava tão boa! Gelada... refrescante. Sentia a onda me levando e nadei por baixo, aparecendo um pouco longe da margem, acenando a Andy.

- VENHA LOGO! A ÁGUA ESTÁ ÓTIMA! - eu sorria para ele e ficava arrepiada, toda vez que ele retribuía o olhar. Que medinho dos poderes de Andrew de deixar as pessoas com vergonha.

Sam saiu correndo e tirou a camisa e a calça. Me assustei um pouco, mas ela estava com uma roupa de banho por baixo. Suspirei de alívio. Ela estava com um maiô vermelho de bolinhas, que a deixava bem mais feminina, e lhe acentuava as curvas. Bonita, hã?

Fui andando até a praia. Ela gritava pelo meu nome já em meio às águas, me chamava.
Eu sorria desconcertado e ficava o tempo todo de olho nela para que ela não se afogasse ou algo do tipo. Sou muito protetor.

Tirei minha blusa e fiquei só de calça. Eu não tinha uma sunga por baixo, então ia entrar de calça mesmo.
Entrei rápido na água. Peso e pressão da calça. Ah, problemas.
Nadei até Sam e sorri para ela.

- Bom, não?- posso lhe dizer que eu estava parecendo aqueles garotos da califórnia, másculos e de tanquinhos que qualquer garota gostaria de ter. Medo. Só tinha um problema: sou incrivelmente branco. {aqui}

Quando ele tirou a camisa, eu posso dizer que... fiquei impressionada. Ele era muito bonito, de corpo, quero dizer. De rosto também. Óbvio. Adoro ter amigos gostosos, fato. Ela estava me vigiando, cuidando de mim, o que me fez rir. Eu faço natação desde pequena, uma vez por semana. Inclusive, eu odeio. Nem me esforço, mas sei nadar bem, e não cresci nada, se quer saber, e também não fiquei com aqueles músculos horríveis. Graças a Deus!

- Está ótimo! - o respondi com um sorriso. Me aproximei dele e notei um colar... era uma coruja. Simples, mas tão linda. - Que perfeito! - eu disse observando a coruja e seus detalhes. Me apoiei em seu ombro, com a mão, para poder ver mais de perto. Era muito lindo o colar.

Olhei para seu rosto, estávamos tão próximos. Meu coração parecia que ia pular de meu peito. O que eu estava fazendo? Soltei-o sorrindo sem-graça e corando profundamente. Nadei para uma distância apropriada e ri para ele.

Samantha, você tem problemas.

Ela reparou em meu colar, sorri para ela. Era algo que significava muito para mim.
- Presente de aniversário de 6 anos. A coruja significa sabedoria.- disse rindo baixinho enquanto ela se apoiava em meu ombro para ver melhor o colar.
Nossas faces estavam realmente muito próximas. Encarei em seus olhos profundamente, sério. Samantha...Sam...você realmente mexe com as pessoas hã? QUÊ? Andrew, como pôde pensar algo assim?
Ela se afastou e riu. Sorri desconcertado e nadei até ela. Comecei a jogar água em seu rosto, e ela contribuia.
Ríamos como crianças.
Mergulhei enquanto ela tirava a água dos olhos, ela nem percebeu. Nadei até suas pernas e a puxei para baixo.
Depois subimos à superfície e rimos como crianças novamente.

Belo presente de aniversário. Eu não ganhava coisas significativas de aniversário. Apenas bens materiais de grande valor, que para mim não havia valor algum, pois não eram dados de coração, e sim por obrigação.

Nós dois nadávamos e brincávamos feito duas crianças. Era divertido, fazia tempo que eu não brincava dessa maneira. Nadava e era puxada para baixo com frequência. Nadei por baixo e notei que ele estava de calça. Jeans para nadar é péssimo! Mas, não tinha outra opção. Eu não o puxaria justamente por causa da calça, que poderia pesar e ele se afogaria e minha consciência seria a mais pesada desse mundo. Me levantei ainda pensativa. Dois dias que eu o conhecia... Dois dias que minha felicidade aumentar consideravelmente.

- A-andy... e como vai sua "relação" com Isadora? - perguntei sorrindo. AH! Eu queria saber de todos os detalhes. Ela devia se sentir como eu. Meu coração palpitava esperançoso toda vez que ele se aproximava, minhas mãos suavam de nervosismo quando ele estava ao meu lado, minha cabeça girava só de pensar nele. Mas, acredito que podem ser sinais de amizade, não é mesmo? A-MI-ZA-DE. Isadora devia sentir o triplo que eu sinto. Ele também, por ela. Ou.. ou não? Que isso, Sam? Pensa direito garota!

Isadora...nem tinha falado muito com ela. Na verdade mal era amigo dela.
- Mal falo com ela.- disse dando de ombros e nadando para a beira.- Na verdade, somos apenas amigos conhecidos, sei lá.- eu posso muito bem destacar que Sam e Isadora eram incrivelmente lindas, e que cada uma tinha seu jeito.
Eu queria ser amigo das duas. Sam era uma amiga intensa minha.

Fomos para a parte de areia da praia.
Caí na areia e fiquei olhando para o sol, deitado, enquanto Sam vinha.
- E você, amando alguém?- disse rindo baixinho de Sam.
Eu não sabia o que sentia por Sam, mal eu sabia que era algo forte. Poderia ser um amor de amigos, ou outra coisa. O QUE ANDREW? Eu sinceramente não sei como eu amo alguém em menos de dois dias.

Ele disse que eram apenas amigos. Pensando bem, eu não os vira conversando muito mesmo... Eles só se falaram umas três vezes e olhe lá. Era diferente... eu e ele. Éramos mesmo muito próximos. De modo que conversávamos sempre. Meus recreios desses dois dias eu lanchei com ele. Era muito mais divertido.

Sentei-me ao seu lado, na areia e ele estava deitado. Apoei-me em minhas mãos, jogando meu corpo para trás, com os braços esticados. O sol batia em meu rosto e meus olhos se encontravam fechados. Então ele me perguntou se eu amava alguém. Meu coração voltou a bater com força.

- Não tenho certeza. - disse pensativa e corando um pouco. Eu amo sim Andrew... mas, não sei se é apenas um amor infantil de amigos, ou algo a mais. Deitei-me ao seu lado ainda e virei meu rosto para o seu, encarando-a perplexa.

O que poderia ser aquele sentimento? Eu queria descobrir. Mas, não o faria sozinha. Ele me mostraria. Não sei como, mas eu não queria, novamente, sentir algo por uma pessoa e não ser correspondida. Isso acontecia demais comigo. Então eu farei uma promessa aqui e agora, para mim mesma: Só irei assumir que tenho algo por Andy se sentir que ele tem o mesmo por mim.

É uma promessa realmente difícil de se cumprir. Porque, eu não posso simplesmente mandar em meus sentimentos, posso? Certamente que não. Sua pele muito clara e seus belos olhos me faziam ponderar sobre o que eu realmente sentia e o que eu queria, ou não, sentir.

- Andrew... isso é tão estranho... somos como melhores amigos e só nos conhecemos há dois dias. Como algo assim é possível? - dessa vez eu falei calmamente e um sorriso aparecia lentamente em meu rosto. A afirmação correta seria: "Eu te adoro tanto... acho que realmente te amo, e só nos conhecemos há dois dias." Mas, eu não falaria isso na lata.

Meus dedos brincavam com os grãos de areia nervosamente enquanto eu esperava pela resposta de Andy. Meus olhos continuavam a percorrer seu corpo e voltavam para seus olhos perfeitos. Não que fossem verdes, que é como eu gosto, mas eram apenas... penetrantes demais. Simplesmente adoráveis. Porém, não acredito que eu fosse falar algo. Eu não poderia falar qualquer coisa para Andrew que envolvesse a frase "eu te amo". Pelo menos não naquele momento.

Eu tinha muito medo para falar algo desse gênero...

Ela se deitou ao meu lado, pensativa e extremamente calma. Não falava nada, isso é um milagre vindo de Sam, e eu nunca tinha visto isso nela durante esses dois incríveis dias.
Eu não sei, mas sinto algo tremendo por Samantha, e tenho medo da profundidade e intensidade deste sentimento.
Ela falou que não tinha certeza. Encarei-a profundamente em seus olhos. Uma coisa que faço muito e encarar as pessoas olho a olho. Acho que isso pode incomodar para alguns, mas eu acho mais educado.

Ela me encarou com seus belos olhos e sorriu devagar.
- Andrew... isso é tão estranho... somos como melhores amigos e só nos conhecemos há dois dias. Como algo assim é possível?- era uma pergunta muita estranha. Mas eu tinha uma certa teoria para isso.
- Eu não sei...sabe quando duas pessoas tem uma conexão extremamente intensa? Mesmo quando não se conhecem? Muitos dizem "eles se pertencem"? Deve ser algo do tipo.- tá, se ela não entendesse eu partiria para o óbvio.

O encarei, sem entender. Meu cenho se franziu de leve e eu virei o resto do meu corpo para seu lado. O que ele queria dizer com o conexão forte? Eu rezava muito para que fosse o que eu entendi. Quero dizer, que ele sentia algo por mim.

- Explique-me... - eu lhe disse, encarando ainda seus olhos. Adorava quando ele fazia isso. Digo, olhava em meus olhos. Acho encantador. É tão... educado e clássico, não sei.

Eu estava deitada sobre meu braço, afim de ouvir o que ele tinha para falar. Me dava tanta vontade de beijá-lo. Por que me dava vontade de beijá-lo??

Meus lábios tremiam de desejo e minha cabeça girava de dúvidas. O que estava ocorrendo comigo?

Ri baixinho. Tá, ela não tinha entendido. Samantha era uma garota tão ingênua e espertinha. Tá, partiremos para o óbvio.
Me aproximei de seu corpo e coloquei minha mão em seu rosto, a acariciei e suas bochechas. Sorri desconcertado e encarei-a profundamente, sério.
Tá, seria minha primeira vez, mas seria com uma garota tremendamente especial.
Nossas faces se aproximaram e eu a beijei.
Nossos lábios molhados se tocaram, foi uma sensação ótima. Sua boca era macia e singela.

Me afastei um pouco e encarei novamente, sério.
- Agora sabes o que é uma conexão intensa?

Ok, eu já não entendia mais nada. Por que ele riu? Por que estava se aproximando? Meus olhos se arregalaram por um momento, mas então senti seus lábios nos meus e a sensação de alívio voltou.
Não, não fora meu primeiro beijo. Mas, foi certamente o melhor de minha vida inteira. Continha tanto amor e carinho... Ele me soltou, levando consigo todo o meu sossego.
Perguntou-me se agora eu entendia.
- E-eu... - sorri por um instante. Meu coração estava louco! Não parava de dar pulos descontrolados, enquanto Andrew massageava de leve minha bochecha. Minha mão esquerda foi para seus cabelos e eu ri. - Entendi... e acredite, é uma bela conexão. - brinquei sorrindo e o beijei mais uma vez. - Te amo... - sussurrei em seus lábios.
Seus lábios se moviam delicadamente contra os meus enquanto eu imaginava o quanto que eu tinha sorte.
Havia algo errado... algo extremamente errado. Ai Meu DEUS! Isadora! O soltei de repente e me afastei, com a expressão mais assustada que eu poderia ter.
Ela era minha irmã... eu não faria isso com ela. NUNCA! Não tinha coragem de machucá-la de tal maneira. Ela parecia mesmo apaixonada por Andrew... nem que eles não se falassem tanto.
- E-eu... tenho que ir... - falei a ele, preocupada. Eu não queria deixá-lo, mas era necessário. Vesti-me com pressa e virei-me desconcertada para ele. Droga, era minha carona. Eu precisava ir com ele.
Minha irmã ia me matar.

Ela me beijou mais uma vez e recitou com uma das mais belas vozes já ouvidas por mim "Te amo". Tudo bem que gramaticalmente esta frase estaria errada, mas na forma sentimental e profunda estava conclusivamente correta.
A envolvi em meus braços e beijei seu pescoço. Eu a queria só para mim.
Foi talvez o melhor momento da minha vida, porque em Londres foram muitas dores e sofrimentos.
- Também te amo, e muito.- sussurrei em seu ouvido.
Ela se soltou dos meus braços e disse que tinha que ir, a encarei curioso.
Ela se vestiu e andou em direção ao carro.
- Eu te levo então.

Droga. Tantas coisas estavam em minha cabeça. Eu queria tanto ficar ali com Andy... Tanto que me aproximei algumas vezes, mas sempre hesitava. Ele disse que me levava.
Sim, era preciso. Seria complicado eu ir a pé...
- Ahn.. claro.. o-obrigada. - lhe disse olhando para o chão. Eu não queria deixá-lo confuso. Precisava agir naturalmente, ou tentar. Entrei no carro, fechei a porta com cuidado. Aquele carro me encantava tanto quanto o dono. Ambos pareciam sair de um conto-de-fadas.
Esperei por ele sentada.
Minha cabeça girava cada vez mais. O que seria o certo? Ficar feliz ao lado de Andy ou morrer triste para deixar Isadora feliz? Eu, sinceramente, não sabia. Estava me sentindo tão egoísta!

Entramos dentro do carro e eu encarava-a curioso. Ela ficara tão estranha, quieta, não era a minha Sam que eu tinha beijado a minutos atrás.
Dei a volta na estrada e fomos subindo para a parte rica da Califórnia.
Eu a encarava muito, e ela não falava nada.
- Tá, o que houve?- decidi enfim falar, gaguejei um pouco, porque detesto começar coisas, e vocês não sabem o quanto eu corei quando eu beijei Sam.
Eu estava sem blusa, e com a calça molhada.
Ainda bem que o banco era de couro.

Estávamos no carro... eu podia sentir seus olhos em mim. Não consegui falar nada. Virei-me para a janela para encarar a paisagem.
Suas palavras me perturbaram. "Também te amo, e muito"... foram as tais palavras que ele me dissera com tanto amor. Que raiva! Eu sentia exatamente o mesmo por ele. Mas, a minha consideração por Isadora não me deixava continuar com aquilo.
Andy me perguntou o que acontecera. Tudo aconteceu. BAH! Eu não conseguiria mentir ou esconder algo de Andrew, então era melhor falar de uma vez.
- Olhe... - eu disse me virando para ele com os olhos marejando. - Eu ... eu te amo muito. Te amo demais! Eu sinto algo inexplicável por você. - eu falei deixando lágrimas escaparem. - Mas... Isadora... e-eu tenho medo de magoá-la... Tenho medo de ferí-la por estar com você. - comentei encarando-o nos olhos.
Eu rezava para que, por favor, ele entendesse. Seria melhor se ele não brigasse comigo. Tornaria as coisas muito mais fáceis.

Corei intensamente quando ela falou de Isadora, bem...ela gostava de mim? Às vezes nem era! Às vezes Sam só tinha um palpite. Eu tinha que ficar com Sam, eu queria tê-la só para mim.
Parei o carro e virei-me para ela. Coloquei minhas mãos trêmulas em seu rosto e falei sério:
- Tenha a certeza de que sua irmã gosta de mim, você tem três dias para saber. Quero f-ficar c-com você S-sam. Eu quero, Sammy.- disse o apelido com a voz mais doce que pude fazer.
Samantha era incrivelmente, e conclusivamente 99% perfeita.