Old car named Charlie~ [fechado]

Ele pousou suas mãos e meu rosto. Podia sentí-lo tremendo e ri baixinho com isso.
Andrew disse pouco, mas era tudo o que eu precisava ouvir para me sentir feliz. Eu faria isso... teria certeza do que Isadora sente por Andrew... antes de qualquer conclusão.
Sorri com o novo apelido. E ele disse com uma voz tão doce e sentimental que eu quase derreti.
- Nossa... eu realmente não sei como alguém pode ser tão perfeito como você... - lhe disse corando um pouco, algo bizarramente estranho para mim, e me aproximando para mais um beijo. Mais um beijo perfeito, devo dizer.
Acaricei de leve seus cabelos e depois me encostei novamente no banco. Minha vida melhorou mesmo com Andrew aqui. Quando o olhei novamente, e vi seu peito nu, suspirei e ri. Meu olhar percorreu de baixo a cima e parou em sua coruja.
O que acontecera em Londres? Por que ele se mudara para Califórnia? Andy, além de lindo, era misterioso. O que me encantava e me preocupava aos mesmo tempo.

- Se eu falar que você é uma deusa você fica corada? Porque elogios me fazem corar intesamente de um modo fácil e rápido.- disse sorrindo desconcertado para ela, vermelho como um tomate. Dei-lhe um selinho rápido e voltei a dirigir.

Começamos a passar pela praia, depois pelo colégio - já vazio e sem nenhum carro no estacionamento-, e por árvores, por casas e etc.
O meu tempo passado com Sam era tão devagar. Apesar de ser intenso, nós aproveitávamos cada minuto.

Começou a tocar "Kiss me", no rádio.
Comecei a cantar junto.
- Kiss me beneath the milky twilight, lead me out on the moonlit floor, lift your open hand, strike up the band...- e cantarolei o ritmo da música, porque depois daí, não sabia mais a letra.

O tempo passava. Lento e intensamente. A única coisa que eu conseguia pensar quanto ao tempo, é que minhas horas com Andrew estavam acabando... Por isso eu aproveitava cada olhar.

Eu corei tanto quanto ele quando ouvi seu elogio. Eu não merecia elogios daquele tipo. Era apenas uma pirralha faladeira, comparada a Andrew...

- Acredito que sim. - comentei rindo. Então passamos por lugares diferentes, que eu já conhecia, mas não gostava muito de apreciar. Exceto a praia, adoro aquela praia.

Começou a tocar Kiss me. Ele cantava junto... eu não sabia a letra, somente a melodia, e a acompanhei fielmente.

- Acho que encontramos nossa música. - eu brinquei olhando para o rádio do pequeno carro azul, nomeado Charlie. Voltei meu olhar para Andrew e apoei minha cabeça em seu ombro.

Já me sentia muito mais confortável com ele...

Assenti com a cabeça e sorri feliz de estar ao seu lado.
- Nosso amor é uma música.- disse virando-se para ela e acariciando seu rosto com o polegar da minha mão que estava pousada sobre sua bochecha macia.

Samantha era a garota da minha vida, podia-se dizer.
Sabe quando você sabe que encontrou a pessoa certa? Não sei ao certo isso, porque não tenho muitas amigas mulheres, talvez ela fosse só uma grande amiga e eu sentisse todo esse sentimento intenso pelo instinto protetor e carinhoso. Mas Sammy me obriga a sentir um sentimento de improviso. Eu tenho idéias loucas com ela, e com a sua companhia eu tomo atitudes sem pedir. Como aquele beijo. Nunca que o Andrew que eu conheço faria isso. Porque ele é tímido demais.
Talvez outra pessoa é o meu grande amor. Talvez Isadora. Não sei, não a conheço. Mas tenho quase certeza de que Sammy é a garota da minha vida.

Chegamos em sua casa - eu só soube porque ela tinha me dado o seu endereço caso um dia marcássemos de estudar juntos - e parei o carro em frente ao portão.
Era uma casa muito bonita.
- É melhor eu não descer, estou sem camisa.- disse coçando a cabeça e se aproximando dela e dando-lhe um beijo. Uma de minhas mãos puxava seu pescoço para perto do meu, e a outra estava pousada em sua cintura.

Adorei quando ele disse que nosso amor era uma música. Amo quando ele diz essas coisas românticas. Eu não sou uma pessoa muito romântica... entende? Não sei falar coisas bonitas, mas bem que eu queria.

Chegamos em minha casa. Droga! O tempo passou muito rápido... Ele me beijou mais uma vez, dizendo que ele não poderia sair. Só por que estava sem camisa! Que gracinha...

- Andy, Andy, Andy... - eu disse rindo. - Entenda, até meu irmão se apaixonaria por você, com esse corpo! - brinquei gargalhando e beijando-o mais uma vez. Desci de Charlie e caminhei até a janela do motorista. Sorri para ele e abri sua porta.

Puxei-o para fora dali pela mão. Não tinha ninguém em casa, eu sabia. Nem mesmo Isadora. Tinham todos saído. E eu queria passar mais um tempo com Andrew. Eu precisava passar mais um tempo com ele... Como algo desse tipo acontece? Ah! Eu precisava falar logo com Isadora... Sim, precisava.

- Vamos entrar... não tem ninguém em minha casa. - lhe disse sorrindo. Dei a volta no carro, até o porta-malas, pegando minhas coisas que estavam lá dentro. Nossa! Tinha me esquecido como aquela mochila era pesada.

Ri baixinho dela e sorri desconcertado.
Sammy saiu de Charlie e deu a volta. Abriu minha porta e disse para eu entrar com ela. Neguei com a cabeça rindo. Até parece que eu entraria sem camisa e com a calça molhada.
- Tá, faça assim: se não tiver ninguém, acene na janela, se tiver alguém, negue com o dedo pela janela. Estou esperando.- disse piscando para ela e corado.

Ela abriu o porta malas e foi pegar sua mochila. Sim, aquela de cimento.
- Sammy! Espere, entre primeiro. Depois levo sua mochila caso não tenha ninguém.- disse ainda sentado no banco do motorista com a cabeça virada para trás.

Acenti para ele com um sorriso e corri para dentro de casa. Minha mochila ficou em seu carro. Procurei por toda a casa. Não havia ninguém! O que esse povo faz a tarde?? Eu, hein. Fui até a janela e o vi olhando para mim. Mandei beijinho! AHAHA! E acenei com a mão dizendo que ele poderia entrar.

Desci correndo as escadas, já estava com saudades. Ok, eu exagero um pouco às vezes. Mas, é que eu queria passar mais tempo com ele, me entendem, não é?

Ah... tinha muitas coisas que eu queria saber dele... muitas! E ele me contaria. Se quisesse, é claro. Não o obrigaria.

- Nossa! Quanto tempo! - lhe disse na porta, quando ele apareceu... sem camisa! Hm... Brincadeira. Mas, ele é lindo! Owwn.. e quando fica vermelho, então? Tá, parei... me desculpem.

Ela acenou na janela e eu sorri desconcertado e corando muito para ela.
Saí do Charlie, peguei sua mochila no porta malas e andei até a porta de sua casa.
Toquei a campainha e ela abriu, feliz e dizendo já estar com saudades. Entrei e subi as escadas junto a ela.
- V-vamos para o s-seu q-quarto?- perguntei incrédulo e vermelho como tomate.

Samantha era tão doce, engraçada, fofa e incrível.
Tenho certeza que ela é a mulher da minha vida, sem mentiras. Não acho que exista alguém tão 99% perfeita como ela.

Eu ri do fato de ele estar gaguejando. Qual seria o problema de ir para meu quarto? Subia as escadas puxando-o pela mão.

- Bem... é... melhor que ir para o quarto de Isadora, ou de meu irmão... ou de meus pais. - pensei um pouco. É, era melhor sim. Chegamos no meu quarto e eu fechei a porta atrás de nós.

Sentei-me em minha cama e dei duas batidinhas ao meu lado, no colchão, para ele se sentar. Peguei o controle da televisão e a liguei.

Estava passando "It", de Stephen King. Sim, ele também faz filmes, sabia não? Era o filme do palhaço!! Aquele filme era mara. Fato.

Eu me sentei ao seu lado e a abracei. Ela ligou a TV e começamos a assistir "It". Era um programa que eu não assistia muito. Tá, eu sabia o objetivo dela por eu estar ali.
- Pode começar o interrogatório.- disse colocando-a deitada, com a cabeça em meu colo.
Ela olhava pensativa para mim.
Devia estar pensando em que pergunta faria.

O quarto de Sam era um quarto bem diferente de qualquer garota americana, era azul e com revistas em quadrinhos, uma TV e coisas coloridas e doidas.
Bem do jeito da minha Sammy.

Que bom que ele entendia o que eu queria... Realmente, um interrogatório. Deitei-me em seu colo e sorri. Meu quarto estava todo arrumadinho hoje. QUE DROGA! Odeio meu quarto arrumado... fato. Mas, as revistas em quadrinho ainda estavam nas paredes, pelo menos isso. Carmelita tem mania de arrancar as revistas! Diz que estraga. Aff... ela não sabe de nada.

- Bem... o que aconteceu de tão ruim na Inglaterra? - perguntei sem sorrisos dessa vez, colocando "mute" na televisão. Eu tinha medo de ele me soltar ali na cama mesmo e sair correndo por causa da pergunta. Então minha voz saiu, pelo menos eu espero, a mais cúmplice e delicada possível.

Ele falava muito da mãe dele... algo errado com o pai? Por que ele não falava do pai? O que ele fazia em Londres? Por que ele era tão tímido? Nossa... eram muitas perguntas.

Não era uma coisa que eu gostava de contar, e eu sou muito fechado quanto esse assunto. Mesmo que Sammy fosse a mulher da minha vida, o meu amor de dois dias, eu conhecia ela pouco.
- D-desculpa meu amor- primeira vez que falo isso D:- mas eu sou um tanto fechado quanto à isso.- disse enquanto descia minha cabeça até seu rosto e dava-lhe um selinho.

Voltei a "assistir" TV , comecei a afagar seu cabelo com uma mão e com a outra, acariciar seu rosto.

Encarava-o pensativa. O que se passava na cabecinha de Andrew? Quantas preocupações ele tinha? Era melhor mesmo ele não falar agora... Não parecia pronto. Sorri para ele timidamente também e voltei a ver a televisão, tirando o mute.

- Tudo bem... - lhe disse observando a tela. De vez em quando meu olhar ia para seu rosto. Eu estava começando a me preocupar seriamente com ele.

Levantei-me. Poderia descontrair um pouco aquilo. Fui até meu armário e tirei um álbum de fotos de quando eu e Isadora éramos pequenas. Nunca mostrei aquele álbum a ninguém. Eu tinha vergonha...

- Eu quando era pequena... tem Isadora aí também... - falei corando um pouco e entregando o álbum a ele. A primeira foto era nosso aniversário de cinco anos. Ahn... bem. Era uma festa temática. De princesas. E Isadora estava linda! Com um vestido de Cinderela... já eu... É que eu não queria me vestir de Bela, da "Bela e a Fera" e fiz birra até minha mãe comprar uma fantasia de "Super-Homem". É, no meu aniversário de cinco anos de princesas, eu fui de "Super-Homem"... Fazer o quê? Eu queria ser super forte e voar! Lembro que nessse mesmo dia, Isadora quebrou o nariz de Matt. Eu ri tanto daquilo! Consegue imaginar uma garotinha vestida de Cinderela quebrando o nariz de um menininho de três anos vestido de príncipe enquanto outra garotinha idêntica a primeira, vestida de Super-Homem, gargalhava intensamente como se fosse a coisa mais engraçada da sua vida? Sim... é cômico. - Ahn... É... meu Super-Herói preferido. - eu disse rindo desconcertada, coçando a cabeça levemente. Que coisa, não é? Bem, ainda hoje eu prefiro a fantasia de "Super-Homem".

Ela se levantou do meu colo e foi até o armário. O abriu e pegou um álbum, parecia livro, mas tinha aparência de álbum de fotos. Ele tinha bolinhas nas capas e cores delicadas e femininas como rosa, verde claro, azul-bebê e etc.
Ela se sentou ao meu lado com a cabeça em meu ombro, abriu o álbum e me mostrou uma foto dela com Isadora em uma festa.
Ri baixinho. Elas eram mais iguais quando pequenas. Bochechas rosadas e cabelos penteados do mesmo jeito. Eu acho muito engraçado aquelas pessoas que tem filhos gêmeos e fazem questão de que andem iguais, e isso deixa todos confusos para saber quem é quem, além de que eles não tem liberdade de estilo. Mudando o adjetivo, não é engraçado, é chato.

O que mais me intrigou é que vi várias meninas com roupas de princesas, e só Sam estava com roupa de Super Homem. Ri dela e, com o dedo, puxei seu rosto para cima, perto do meu.
- Tinha que ser minha Sammy.- dei-lhe um selinho e a coloquei de volta no meu ombro.
Passei para a próxima foto, e estava Sam e Isadora na praia, com maiôs estampados de cores diferentes. Sam com um balde na cabeça e Isadora encarando ela rindo.
- Eram bem amigas, não é?

Ele observava fotos nossas e tinha seus comentários. Eu sorri para ele e pensei um pouco.

- Ainda somos muito amigas... eu espero. - lhe disse calmamente. Levantei-me mais uma vez e espreguicei-me. Olhei para ele e seu belo corpo. - Quer alguma coisa? - perguntei a ele. - Temos água, suco... bolo, pão com geléia, chocolate, doces, salgados, lasanha, pizza, e outros. - falei a ele listando em meus dedos.

Pensei um pouco mais. Acho que tinha mais coisas, mas tudo bem. Ele estava tão lindo... eu delirava com ele ao meu lado. Ele É lindo... isso é diferente. Me aproximei mais uma vez, sem ouvir sua resposta e sorri com saudades. O beijei mais uma vez, calorosamente. Mais uma vez a sensação de alívio.

Dei uma risadinha simplória e voltei para a porta.

- Pode escolher... Já lhe dei as opções. - Falei calmamente. Precisava saber o que ele queria, não é? Sei lá... por mim eu pegava a cozinha inteira e trazia pro meu quarto.

Ela perguntou se eu queria alguma coisa. Eu não estava com sede ou fome, nada, queria apenas ficar ali, com ela, acariciando-a e apreciando seu beleza.
Ela foi para a direção da porta e perguntou se eu queria alguma coisa. Me levantei e neguei com a cabeça, fui até ela e a peguei nos meus braços, a coloquei na cama, deitada e ke deitei ao seu lado. Entrelaçamos nossas mãos e a beijei.
- Quero apenas ficar aqui, com você.- sussurrei em seu ouvido e a puxei para mais perto de mim, e acariciei seu rosto com a mão livre.
Ela é uma garota perfeita. E eu seria muito cuidadoso para que ninguém a machucasse.

Estávamos em minha cama, deitados, com as mãos entrelaçadas. Sorri para ele e fechei meus olhos, imaginando que aquela cena é perfeita demais para ser verdade.

Me aproximei, sentindo um cheiro de sal do mar que saía de seu corpo. Uma de minhas mãos estava em seu peito, acariciando-o. Abri meus olhos e encostei meus lábios em seu pescoço levemente, arrepiando-me.

- Tudo bem? - perguntei a Andrew, que parecia tenso com a situação. Se ele tivesse problemas em ficar na cama comigo... poderíamos sair e ir até... a cozinha, para comer alguma coisa. Fome... Acho que é por isso que estava querendo oferecer algo a ele.

Minha cama era de casal, na realidade. Então cabíamos lá. Por que ele não se sentia confortável?

Sam estava acariciando meu peito, então ela se aproximou de meu pescoço e o beijou docemente. Fiquei tenso com isso e corei muito, parecia um tomate, de novo.
El me perguntou se estava tudo bem, assenti com a cabeça. Caramba Andrew, dá para você ser menos tímido? Tá vamos lá.
Me virei para ela e a encarei profundamente em seus olhos. A puxei para mim, deixando-a colada em meu corpo. Minha mão passava por suas curvas e isso a arrepiava. Beijei seu pescoço de leve. Eu até queria mais.
Me afastei bruscamente dela e respirei.
- Não posso ir longe com você tão rápido.- olhei para ela e acariciei seu rosto.

O-o que ele estava fazendo? Passava suas mãos em meuu corpo e me deixava arrepiada ao extremo. Ele beijou meu pescoço... Mas, então, se afastou bruscamente, como se eu fosse algo... intocável, sei lá.

- C-calma... - respondi a ele, que dizia não querer ir muito longe comigo. Ir longe aon... AH! MEU DEUS! Nossa... como eu não percebi o que estávamos fazendo? Meus olhos se arregalaram e eu me encontrei em choque.

Minhas mãos apertavam seus braços com força... sem que eu notasse. Soltei-o, rapidamente.

- D-desculpa... e-eu... n-não devia... - Me levantei corando intensamente e depois pensei um pouco. Não fazíamos nada de ruim! Estávamos só... deitados... juntos... nos beijando. É simples. Deitei-me novamente, olhando para o teto. Com as mãos cruzadas sobre meu peito. Virei meu rosto para ele. Estava vermelho... - Andrew. Acho que não estamos fazendo nada demais! Não é? - brinquei sorrindo. Me aproximei mais uma vez e o beijei carinhosamente, sentindo mais uma vez o alívio invadir meu corpo. Eu tinha uma mão em seu peito nu e a outra em seu pescoço. Beijar não faz mal...

- Não estamos fazendo nada de mais agora mas se continuarmos assim faremos algo que nós dois sabemos o que é e como é e nós sabemos o quanto é tentador fazer.- acariciei seu cabelo e beijei seus lábios rapidamente. Me levantei da cama e puxei Sam para fora dela também. É claro que eu queria sim, é claro, mas eu sou responsável o bastante para não fazer nada com ela além de beijos. A abracei - minha mão estava em sua cintura e eu tinha levantado seu rosto com a mão livre- e a beijei de um modo mais feroz para saciar minha vontade. Sou tímido mas sou homem.

- Vamos comer algo e não a nós mesmos? -disse sorrindo maliciosamente para ela (aqui, não babem) e acariciei seu rosto.
Nós descemos e eu me sentei na cadeira esperando que Sam dissesse alguma coisa, o bom da cadeira que me sentei é que ela era de couro, então não a molhei. Feliz? Sim. Isso faria com que o pai dela não a matasse por ter estado com um homem sozinha em casa? Sim e graças a Deus. Vai que o pai dela era aquele tipo de pai maldoso que bate nelas ou as tranca em um calabouço caso façam algo errado. Tá, não falem nada mas meu pai me ameaçava.

Acenti desconcertada. Ele estava correto. Por mais que eu negasse, eu desejava Andrew daquela maneira... Nos levantamos da cama e eu imaginei. Não, não seríamos irresponsáveis a esse ponto, correto? Óbvio que não. Ele me abraçou, dando-me calafrios por estar tão próxima de seu corpo... E ele estava sem camisa! Ah... que droga. Sorri para ele, que levou meus lábios até os seus e beijou-me com ferocidade, fazendo-me suspirar alto.

Ele perguntou se poderíamos comer algo. Claro que poderíamos... seria bom, estou com muita fome, para falar a verdade. E então ele sorriu. Você já perdeu a fala com um sorriso? Pois era a primeira a vez que eu perdia a fala com um sorriso. Satisfazia-me, mas fazia-me desejá-lo ainda mais. Uma série de sentimentos vieram a minha mente e ao resto de meu corpo com aquele sorriso. O que me fazia suspirar mais ainda era o fato de ele estar acariciando meu rosto enquanto sorria daquela maneira. Desviei meu olhar para conseguir falar algo. Mas, só saiu um "uhumm...". Com ele eu ficava mais desajeitada ainda! Droga... já não bastava meu normal?

Descemos de mãos dadas e ele sentou-se em uma poltrona de couro. Isso me fez rir, provavelmente ele tentava apagar vestígios de que esteve ali. Bem, para a informação dele, não adiantaria nada, eu ia contar tudo pros meus pais mesmo. Sempre conto! Falaria que ele esteve lá em casa... que ele esteve em meu quarto... que nós estávamos meio que "ficando", mas enfim. Meu pai era compreensivo (diferente de minha mãe), só era teimoso. Então era bom que ele fosse com a cara de Andrew, porque se não ferrou tudo. Tá, parei, desculpa.

- Hmm... Temos maçã, banana, pêra, uva, manga, mamão, pêssego, kiwi, pinha, jaca, laranja, abacaxi, caju, melancia e morango! - falei sorrindo para ele. Abri a porta da geladeira e vi que tinha PUDIM! E era de chocolate! Nossa... eu amo pudim de chocolate! Bom... acho que eu vou acabar com o pudim. Quero dizer, Isadora não ligaria e nem Matt - que deveria estar ocupado com alguma garota, abafem - e eu não ligo para o que Camille pensaria. Aff... ela era muito chata! Com aquele jeitinho irritante dela. Talvez Carmel brigasse comigo por comer tanto pudim, mas não seria nada OMG! Seria algo mais natural, então tudo bem. Sentei-me ao lado de Andy, esperando sua resposta pensativa. AH! E sim... eu fechei a porta da geladeira.

Ela citou o nome das frutas e eu, sorrindo, encarava-a. Quando ela terminou, ouvi um nome que sempre me chama atenção e que sempre declara nostalgia em minha mente, lembrando-me dos verões em Londres com as maravilhosas vitaminas deste fruto saciável e rubro.
- Morango, é claro.- disse suspirando de alegria e segurando em minhas mãos um morango vermelho e cheio de gotas d'água, porque Sam havia recém lavado-os.

Dei uma mordida e suspirei. Mais nostalgia vindo à cabeça. O pomar dos fundos do meu quintal, os belos morangos, grandes e vermelhos, que minha mãe cultivava, e a minha eterna gratidão e felicidade em comê-los.
- Está ótimo.- disse colocando o último pedaço em minha boca e saciando por mais um.
Mas eu não seria mal educado. Esperei que Sam se servisse para que eu pudesse enfim pedir por mais um.

Sorri quando ele aceitou morango. Morangos são deliciosos... Lavei-os na pia e me encaminhei até sua poltrona, entregando a ele. Andy comeu-o com tanta satisfação e parecia se deliciar tanto com o morango que eu senti vontade de comer um também. E o fiz.

Nossa... estavam doces e muito bons mesmo. Fechei os olhos enquanto mordia a ponta de um morango. Transportei-me para outro lugar... Um lugar onde eu e Andrew vivíamos juntos e felizes, comendo morangos e ninguém nos enchia o saco. Então acabei de comer o morango e notei o olhar de Andrew sobre mim, como se pedisse mais. Ops...

- Desculpe-me... - falei rindo de leve e levando o potinho de morangos até ele. Todos lavados, óbvio. - Licença... - falei a ele, séria, sentando-me em seu colo para comer morangos com ele. Estou acostumada a sentar no colo de meus amigos... E Andrew era mais que um amigo, já. Portanto, acho que tenho essa liberdade. Mas, ele parecia tão rígido que achei melhor me levantar, arrastando uma cadeira para sentar-me. - Perdoe meu abuso... - disse sorrindo timidamente. Por que eu sou assim? Tenho tantas liberdades com meus amigos que não sei impor limites sobre mim em relação a Andy.

Não sei se sou petulante, não sei se tenho um olhar que mostra o que eu estou pensando ou querendo, e não sei se morangos rosas existem.

Sam pegou outro pote de morangos e os lavou bem, deixando aquelas gotinhas adoráveis no morango e isso os torna mais suculentos.
Porém, algo me restringiu a comer aqueles morangos de forma leve e feliz...Sam se sentou no meu colo. Sinceramente, acho que estamos indo rápido demais, e eu sou um homem atrasado, sou de certo modo preso ao passado, porque minhas relações pessoais são de início calmas e severas quanto ao toque de corpos. Fiquei rígido e não a abracei, ou passei meu braço por sua cintura ou coloquei a mão em seu braço.
Soltei meus braços de modo que eles não a tocassem.

- Desculpe-me. Mas acho que tudo está indo rápido demais.- disse me levantando e indo em direção a porta.
- Acho que já está na hora de ir.- meu tom sério enganava o sorriso leve estampado no meu rosto.

Ele achava? Eu tinha certeza. Tenho que parar de acelerar muito as coisas. Levantei-me da cadeira, quando ele se levantou da poltrona. Foi algo extremamente automático.

- Desculpe-me Andy... é que eu sento no colo de todo mundo, e me esqueci que se tratava de... você... - ele era bem fechado com relação ao toque. Acho que só abraços mesmo... e beijos, de vez em quando. Quanto a cena de meu quarto... foi um impulso irresponsável que provavelmente não se repetirá. Senti-me horrível por estar apressando as coisas dessa maneira.

O segui até a porta e olhei para o chão. Estava de certo modo... desapontada. Não, não com ele. Mas, comigo mesma, por achar que poderia fazer esse tipo de coisa. Nem estávamos namorando direito! Tínhamos apenas uma amizade colorida, nada mais.